Nasce uma big rider: Louise Meneghetti na Laje da Jagua


Foto do Sebastian Rojas na Laje da Jagua, Jaguaruna (SC).
Laje da Jagua, Jaguaruna (SC). Fotógrafo Sebastian Rojas.

Saiba como a surfista de 21 anos, Louise Meneghetti, saiu do skate e entrou para o hall das poucas que se desafiaram a surfar na Laje da Jagua. Nasce aí mais uma big rider brasileira?

Acordou, pegou a estrada, chegou, se alongou e respirou antes de entrar no mar. Essa foi a manhã da Louise Meneghetti, 21, big rider que surfa há apenas dois anos. Ela conta que há muito tempo acompanhava um pouco do surfe feminino no Hawaii, mas sempre preferiu as ondas do asfalto com o skate. Enquanto uma galera compartilhava fotos de ondas gigantes num grupo de WhatsApp, a Louise comentou que gostaria de um dia surfar ondas daquelas. Dito e feito. Na mesma hora o Thiago “Jacaré”, seu atual treinador, abriu uma conversa particular com ela e começou o que resultaria numa onda de 10 pés surfada por ela na Laje da Jagua.

Louise Meneghetti surfa nos asfalto desde os oito anos de idade. Praticante da modalidade bowl, a “lou” como é conhecida, já tinha equilíbrio e certa flexibilidade quando começou a surfar. Pouco a pouco, de pranchinha, ela se iniciou no surfe, mas continua com a humildade e o fascínio pelas atletas profissionais. “Há muito tempo sacava as brasileiras surfando no Havaii e ficava impressionada!”, conta.

No dia 23 de Outubro a expedição começou logo cedo e por volta das 5h30 ela já estava na base da Laje com seu time para aquele dia. Lá conheceu o Sebastian Rojas, que há mais de 30 anos trabalha como fotógrafo de surf, mas, pela primeira vez estava na Laje da Jagua e é responsável pelos registros da expedição – o material completo pode ser encontrado no Surfmappers.com/sebastianrojas. O restante da crew foram João Baiuka, Maikol Miara, Gustavo Nogueira e o André “Paulista”, todos convidados pelo Jacaré.

A hora é agora.

“Quando vi, pensei: eu preciso pegar uma onda sinistra, preciso fazer meu nome hoje”, diz a surfista. Ondas de sete metros são o máximo já registrado na região, mas Jacaré argumenta que as não registradas já alcançaram quinze metros. “No começo da ATOW-INJ (Associação de Tow-In de Jaguaruna) não tinha gunzeira, colete… Não se falava no big surfe no Brasil. Agora o Hawaii brasileiro é aqui!”, diz seu treinador.

Louise Meneghetti surfa ondas gigantes na Laje da Jagua (SC). Fotos: Sebastian Rojas.
Laje da Jagua, Jaguaruna (SC). Fotógrafo: Sebastian Rojas

“Foi uma loucura aquilo ali. O jacaré disse ‘lou, tá vindo” e eu só disse “vamo”!”, conta aos risos e complementa: “Eu nem pensei, só dei o puxão na corda no jet!”. A Louise surfou cinco ondas naquele dia, que mediam cerca de 10 pés. Ela é a quinta mulher a pegar onda na Laje, um pico de ondas raras, mas consagrado pelas dificuldades que apresenta. Agora, a Louise Meneghetti faz parte do seleto grupo em que estão Francisca Pereira, Maya Gabeira, Rachel Ritschel e Luana Rangel.

Ela chegou a passar 15 segundos debaixo d´água, depois de duas ondas e vomitou no jet. “Quando eu peguei a mina tava roxa”, complementa Jacaré. Quando questionada se com estes dois anos ao mar ela já se considera uma big surfer, a lou responde com humildade: “Eu ainda não sei, eu acho que preciso pegar uma onda maior para me consagrar. Ainda tenho que extrapolar o meu limite para me considerar uma big rider!”

Louise Meneghetti enfrenta ondas gigantes na Laje da Jagua (SC). Fotos: Sebastian Rojas.
Louise Meneghetti surfa na Laje da Jagua, Jaguaruna (SC). Fotógrafo: Sebastian Rojas.

A laje é para poucos.

Em Santa Catarina, a Laje da Jagua foi descoberta em 2003 pelo Zeca Cheffer e o Rodrigo Rezende. Eles procuravam uma onda que até então era considerada história de pescador. A região é considerada perigosa para navegação desde o século XVII e permanece, até hoje, como um dos picos de ondas grandes mais perigosos do Brasil. “Lá tem um rochedo de pedra há 5km da costa e tem só um metro e meio de profundidade. Para esquerda é boa pra remada, mas na direita é mais raso. É um lugar muito específico.” explica Jacaré, que mora lá perto e acompanha toda a história do local.

Após 25 minutos em entrevista e já impressionada com a segurança da Louise, eu perguntei o que ela tinha para contar sobre a velocidade com que se desenvolveu. “Tem que acreditar. Para qualquer coisa que você queira fazer, sabe? Tem que acreditar! Se elas podiam surfar aquelas ondas, eu podia também”.

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