Surf feminino: vem aí a próxima Brazilian Storm


O surf feminino brasileiro só cresce e deve atingir seu potencial nos próximos anos

O surf masculino brasileiro cresceu e conquistou o mundo nos últimos anos. Isso só foi possível com o apoio das marcas aos atletas, motivadas pelo interesse cada vez maior no esporte. Agora, é a vez do surf feminino – e o número cada vez maior de meninas surfando ajuda a impulsionar os resultados.

O estágio atual do surf profissional brasileiro

Os surfistas mais novos podem não se lembrar, mas há 10 anos era difícil imaginar que teríamos hoje 3 campeões mundiais de surf profissional, além de campeões em outras modalidades como o longboard ou o SUP. No mundial de 2010, Adriano de Souza foi o melhor brasileiro, 10° colocado – e Kelly Slater comemorou seu décimo e penúltimo título mundial.

Desde então, a cada ano os brasileiros passaram a incomodar mais. Adriano ficou duas vezes entre os top 5, até Gabriel Medina vencer o circuito em 2014 e abrir caminho para os títulos de Adriano no ano seguinte, o bicampeonato de Medina em 2018 e o título de Ítalo Ferreira no ano passado.

No surf feminino, Silvana Lima e Tatiana Weston-Webb estão entre as favoritas na disputa por uma medalha olímpica nos beach-breaks do Japão.

Ainda assim, apesar do título mundial de Nicole Pacelli no Stand-Up e da nossa competitividade cada vez maior em todas as categorias, o surf feminino brasileiro ainda não atingiu todo o seu potencial, o que deve acontecer nos próximos anos – entenda por que.

Como chegamos até esse patamar no surf profissional

Atualmente, o Brasil conta com diversos surfistas de ponta, disputando títulos e vagas nas principais modalidades e categorias do surf mundial. Mas isso só foi possível graças às gerações anteriores, que abriram caminho na raça quando o surf não era um esporte bem visto e tinha poucos atletas reconhecidos. Até a década de 80 e início dos anos 90, os surfistas ainda eram vistos como rebeldes, vagabundos – e os atletas eram desconhecidos da maior parte do público em geral.

Com o passar dos anos, atletas, técnicos, fotógrafos e cinegrafistas, mídia especializada e a comunidade do surf em geral conquistaram fãs e adeptos para o esporte e principalmente para o estilo de vida do surf – agora ligado à saúde, qualidade de vida e radicalidade. Com isso as marcas de surf também ganharam valor e novos consumidores.

O mercado de surfwear no Brasil cresceu e logo as grandes marcas abriram os olhos para esta oportunidade. Chegaram até os atletas do país os programas de treinamento e os recursos financeiros para que jovens surfistas pudessem viajar e treinar nas melhores ondas do mundo, com pranchas e equipamentos de primeira linha.

Com apoio e estrutura profissional, o talento dos atletas brasileiros despontou. Lapidados nos beach-breaks de norte a sul e agora impulsionados pelo planejamento e treinamento adequado, não demorou para os resultados começarem a aparecer. Desde 2014 foi uma coleção de títulos e prêmios, desde o surf de ondas grandes, tríplice coroa havaiana e 4 títulos mundiais.

Mas, e as meninas?

O atual estágio do surf feminino profissional brasileiro

O surf feminino se desenvolveu com o masculino, porém em ritmo mais lento no Brasil e na maior parte do mundo. Com menos apoio e um menor número de atletas e competições, as mulheres se habituaram a competir em condições piores e disputando prêmios menores.

A partir de 2019, a WSL decidiu igualar a premiação das provas e circuitos profissionais masculino e feminino, sendo a primeira associação esportiva mundial a tomar essa importante iniciativa. Além disso, as ondas também passaram a ser divididas de forma mais justa, com homens e mulheres se revezando nos melhores momentos de maré e vento.

No Brasil, nas décadas passadas contamos com diversas atletas que chegaram ao circuito mundial, como Andrea Lopes, Jaqueline Silva e Tita Tavares.
Estas atletas superaram grandes dificuldades e abriram caminho. Infelizmente, Tita – que cresceu na favela do Titanzinho e é tetracampeã brasileira – apareceu recentemente pedindo auxílio financeiro para reformar sua pequena casa em Fortaleza.

Atualmente, Tatiana Weston-Webb representa o Brasil na primeira divisão do circuito mundial e já têm garantida a vaga para os jogos olímpicos – junto com Silvana Lima.

Surf feminino - Tati W. Webb
Atleta: Tatiana Weston Webb. Foto: WSL.

As meninas vem com tudo

Na divisão de acesso, apenas Silvana Lima aparece entre as primeiras cem colocadas no ranking. No entanto, a geração seguinte vem afiada, seguindo os passos que deram certo há alguns anos no masculino.

Algumas jovens brasileiras já começaram a treinar com acompanhamento técnico e competir pelo mundo desde cedo. A carioca Julia Duarte, por exemplo, venceu o circuito brasileiro pro-junior em 2019 pelo Instituto Medina e atualmente ocupa a 128 posição no WQS.

Surf feminino - IGM
Foto: Instituto Medina

O Instituto Medina já começa a revelar grandes talentos, e investe na carreira da irmã mais nova de Gabriel Medina. Sophia Medina já é uma atleta Rip Curl e tem acesso a uma estrutura diferenciada. Mas não tem tido vida fácil nas categorias de base. Entre os 15 a 18 anos, temos diversas surfistas correndo as competições nacionais com boa estrutura e apresentando um surf de alto nível.

Laura Raupp – Hawaii Fev/2020

Um bom exemplo é a talentosa catarinense, Laura Raupp, com apenas 14 anos já dá show de surf. Treina desde cedo nas ondas de Floripa com seu pai também atleta de surf, Gustavo Raupp. Moradora do sul da Ilha ela divide o quintal com atletas renomados como o Campeão Mundial Adriano de Souza, o top Yago Dora e os legends Binho Nunes, Teco Padaratz e Fábio Gouveia.

Em Santa Catarina também há outra atleta que está dando o que falar, Tainá Hinckel que com apenas 17 anos quebra a vala na Guarda do Embaú, nossa reserva mundial do surf. Também é treinada pelo pai, o ex-surfista profissional Carlos Kxot. Tainá é bicampeã  sul-americana Pro Junior – 2016 e 2019 – ficou em terceiro lugar no Mundial Pro Junior na Austrália em 2018.

Além disso, em todo Brasil o surf feminino vem ganhando cada vez mais espaço. O número de mulheres surfando aumentou consideravelmente nos últimos anos. Os números mostram isso, com mais competições, um maior número de atletas profissionais e amadoras e também simpatizantes.

Surf feminino – poder de compra e engajamento

Para as marcas de surfwear e acessórios, investir no público feminino representa vender para um mercado ainda maior do que o atual. Afinal, nas famílias brasileiras, o público feminino decide mais de 80% das compras realizadas.

Depois da Brazilian Storm, o surf ganhou grande  popularidade, chegou às telas dos principais canais de televisão, e as atletas também viraram celebridades. O número de meninas na água disparou e elas vieram pra ficar.

Não pode com elas? Junte-se a elas e aproveite para torcer e apoiar as atletas brasileiras, no circuito mundial e na sua praia mais próxima!

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