Surfando a minha onda, por Helena Sant’Anna, advogada


O surf entrou na minha vida mais tarde. Chegou há 15 anos, eu já na casa dos 40, fruto das peripécias que as mães se sujeitam para acompanhar os filhos. Sempre digo que tem o “tio da sukita“ e eu sou a “tia do surf “, já que não existem muitas mulheres na minha faixa etária surfando.

Minha primeira experiência foi na praia do Rosa e foi mágico pelo grande prazer que me deu. De lá pra cá virou minha paixão e sempre que posso, dentro da minha vida cosmopolita e agitada, dou uma fugidinha para um bom pico de surf pra recarregar as baterias.

Surfar me libera internamente algo muito especial, aquela alegria de criança que pude sentir novamente na vida adulta. Os pragmáticos que nunca surfaram talvez digam que seja só a endorfina liberada. Mas me parece ser muito mais. Surfar faz me sentir uma pluma, leve e feliz.

E as ondas nunca são iguais. Entrar no mar é invariavelmente sempre um novo desafio. Exige muito mais do que capacidade física. Exige garra, foco, determinação, além do exercício mental de manter a mente livre de pensamentos.

E com todos esses mecanismos cerebrais acessados, somados aos efeitos sensitivos da exuberância da natureza como sol, céu, mar e matas, surfar traz uma inigualável sensação.

E nas ondas frustradas, a certeza de que na próxima será diferente. O lema é não desistir.

É sair da zona de conforto na busca da felicidade e de recarregar as energias, as perdidas e as serem armazenadas.

Digo a vocês que o surf é um bom exercício pra vida. Ele repete  movimentos imprevistos e nos faz ter a certeza de que, independente do problema, a gente sempre tem a chance de fazer o que se quer de forma diferente.

Trabalho com os problemas alheios. Graves, angustiantes, com uma infinidade de variantes, que exigem muito de mim, incrivelmente o mesmo que faço dentro do mar. Não são coisas distintas mesmo que pareçam ser. A diferença é que na advocacia me dedico ao próximo e no surf a mim mesma.

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